quarta-feira, 16 de outubro de 2013

“Ensinar: agir na urgência e decidir na incerteza”




          O texto aborda a questão das competências dos profissionais da educação. Mostra a necessidade do estágio na formação deste profissional.
          Segundo (Perrenoud, 1994), o debate sobre o papel formador do estágio, participa muitas vezes de forma explicita, da mesma ingenuidade: os futuros professores são enviados à campo para por à prova  seus saberes e aprender a utilizá-los em situações concretas. Potencialmente visa-se à construção de competências.
          Considera-se competente aquele profissional  que, domina aquilo que faz,e faz muito bem.
          Espera-se que os professores saibam razoavelmente aquilo que ensinam, para que não venham a ser pego despreparados, muito menos preparando o que vai ensinar a seus alunos em cima da hora.
          Segundo o autor outras pessoas inclusive ele considera que a formação dos professores ganharia muito mais se passasse pelo domínio dos saberes enraizados nas ciências humanas e sociais, não só na didática das disciplinas, mas também  na psicologia da aprendizagem na abordagem psicanalítica e psicossociológica  na historia da educação.
         Perrenoud, chama de competência a capacidade de um sujeito  mobilizar o todo ou parte de seus recursos cognitivos e afetivos para enfrentar uma família de situações complexas. O ser humano e os sistemas sociais, não são simples, os profissionais da educação não têm uma tarefa fácil. Em uma sociedade na qual os valores individualistas são supervalorizados, a educação é considerada um consumo ou um investimento da pessoa a serviço do seu próprio sucesso, de sua felicidade e de seu equilíbrio.
Educar é instruir é fazer com que o aprendiz compartilhe uma cultura, aceite uma herança, ou seja, enquadre-se em um molde, aceite uma certa padronização dos seus saberes de suas formas de pensar, de sentir, de comunicar.
          A relação pedagógica é fundamental assimétrica, pois o professor detém um saber que o aprendiz ainda não domina. Educar ou instruir é permitir que o aprendiz mude sem perder sua identidade, é conciliar a invariância e a mudança.
          Um sistema aberto está perpetuamente sobre o fio da navalha, se for aberto demais perde a sua identidade, sua coerência funde-se com o ambiente, se for fechado demais, asfixia-se, não se renova e desaparece como um sistema. A educação contém em si um sonho de harmonia.
          Entre a igualdade e a diferença: essa contradição talvez seja a mais moderna. A igualdade não era um conceito presente na origem dos sistemas escolares. “primeiro eu”, “cada um por si,” “depois de mim,” o dilúvio. Em todas as sociedades, em todos os períodos históricos, os indivíduos oscilam entre o egoísmo e a solidariedade.
          A autoridade tradicional é contestada: nem os alunos nem os professores contentam-se em obedecer só porque a ordem vem de cima, antes disso a autoridade é contestada.

Sonia Maria Italo Soares





Educação de qualidade?

  Se tivesse que sintetizar e responder em poucas linhas a questão‑título deste texto, não teria dúvidas, diria que educação de qualidade é aquela que garante ao cidadão acesso, compreensão e uso das possibilidades a ele concedidas pelo conhecimento, de forma crítica, cidadã, ética e fraterna.
          Nesse sentido, creio ser de grande valia analisar alguns dos termos‑chave desta síntese, a principiar pela própria expressão “educação de qualidade”, que pode ser entendida, para início de conversa, como redundante, apesar de bastante necessária. O acréscimo do vocábulo “qualidade”, definido no dicionário Aurélio como sendo a “propriedade, atributo ou condição das coisas ou das pessoas, que as distingue das outras e lhes determina a natureza” ou ainda como aquilo que define padrões de “superioridade, excelência” para alguém ou algo deveria ser inerente, ou seja, entendido como característica presente ou, no mínimo, almejada para a educação.
          Não é isso o que acontece. Quando falamos simplesmente de “educação” não agregamos a este conceito, a princípio, como dado permanente e presente, ou ao menos esperado, a ideia de prática virtuosa, superior. Ou seja, Educação e Qualidade não são palavras que entendemos como irmãs, emparceiradas e unidas de forma indissolúvel. Ao menos não até o momento. Por isso utilizamos como distintivo a expressão “educação de qualidade”. Há, portanto, em nosso horizonte, “educação” e “educação de qualidade”.
          O que esperamos é que isso venha a acontecer, de tal modo que, ao falarmos em educação num futuro indefinido, que esperamos próximo, já concebamos tal ação ou área de atuação como sendo de “qualidade”, ou seja, de alto nível.
          Indo um pouco além na definição inicialmente apresentada, daria enlevo à ideia de que a educação deve “garantir” ao cidadão acesso, compreensão e uso do conhecimento. Não vivemos num país em que as garantias sejam culturalmente significativas, a não ser que nosso direito de consumidores seja diretamente afetado pelo mau funcionamento de um televisor ou de um computador, por exemplo.
          A garantia de uma educação que ofereça possibilidades reais de progresso dentro do contexto social, econômico e político em que vivemos, a todo e qualquer cidadão, não deveria ser apenas um belo discurso apregoado em nossas leis. O não cumprimento deste preceito constitucional deveria resultar em penalidades a todas as pessoas que, responsáveis por essa ação, não proporcionarem reais possibilidades a seus alunos de atingirem metas e resultados que comprovadamente garantam a eles o esperado sucesso educacional.

   E o que queremos dizer com “sucesso educacional”? Altivez, voz ativa, capacidade e ensejo à participação, condição de avaliar criticamente as variáveis do mundo em que vive, compreensão dos códigos e normas que regem a vida em sociedade, respeito pelo próximo, mobilização em favor de valores universais [como a paz e solidariedade] e capacidade de empreender, de realizar, são atributos esperados para que possamos atestar tal sucesso.
          Mas estes resultados acontecem ao longo de toda a vida, cabendo a escola papéis aparentemente “menores” nesta jornada rumo ao cidadão consciente, integrado, participativo e solidário mencionado como aquele que atinge o sucesso educacional. Às escolas competem ações mais objetivas e claras como a alfabetização e o letramento, o estímulo e a prática da leitura, a compreensão e uso da linguagem matemática, o acesso a línguas estrangeiras, o ensejo e apreciação das artes, o entendimento do mundo e da humanidade a partir das ciências humanas, o incentivo à prática desportiva...
          E é justamente neste ponto que reside a necessidade de virar a mesa e compreender que, todas estas ações empreendidas pela escola, em parceria com a família e a sociedade como um todo, ungida e promovida pelas forças políticas que comandam o país [independentemente de bandeiras políticas], constituem o alicerce fundamental para a consecução da educação de qualidade, aquela que concretiza o sucesso educacional.
          Cada ação educacional, realizada da forma mais competente, profissional e plena possível tem a capacidade de consolidar nos estudantes mais e melhores possibilidades de êxito em suas vidas. E mais, o entrelaçamento de todas as ações e práticas realizadas ao longo da vida escolar de uma criança é capaz de definir aonde ela poderá chegar, ou seja, se será um técnico especializado, um médico a salvar vidas, um professor competente ou se irá purgar em sua existência terrena, subempregado ou desempregado, mendigando pelas ruas, vivendo em barracos ou embaixo da ponte...
          Costumo ressaltar que assim como os médicos, também os professores [e todos os outros profissionais, cada qual no seu ínterim, em sua área de atuação] são capazes de salvar vidas. Se ao médico compete realizar tal ato de forma mais palpável e visualizável aos nossos olhos, no caso dos educadores, a educação qualificada pode significar melhores empregos, participação política, compreensão das leis, capacidade de manifestação...
          Indo um pouco além das garantias e dos resultados proporcionáveis pela educação de qualidade, devemos também refletir quanto ao uso do termo “cidadão” surgido na afirmação inicial que embasa este texto. Não é possível crer como sendo “cidadãos” nossos conterrâneos brasileiros que não tem acesso garantido a um sistema educacional que lhes garanta autonomia e condições de igualdade na luta por uma vida mais digna. Cidadania encerra, enquanto conceito, a compreensão de que para seu pleno exercício devam existir algumas prerrogativas básicas, entre as quais, certamente, a educação [de qualidade] “puxa a fila”.

        Cidadão, de acordo com o Dicionário Aurélio, é o “indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado”. Como alguém pode usufruir dos direitos e cumprir com os deveres estabelecidos por qualquer Estado estabelecido de acordo com prerrogativas democráticas se é alijado logo de princípio por não ter acesso ou não dispor de educação que lhe conceda os quesitos mínimos para o exercício de suas responsabilidades e gozo de seus direitos?
          O mínimo que se pode dizer é que vivemos paradoxos como o da cidadania que é concedida por lei, mas incompreendida por quem a ela deveria ter acesso por incapacidade para o exercício da leitura... Ou ainda que tenha o poder de ditar os rumos políticos do país através do voto, os brasileiros na realidade não decidem por não estarem aptos a entender com a devida profundidade quem são os candidatos, os partidos, as plataformas ou mesmo quais as funções de cada cargo eletivo...
          De qualquer forma, ainda que compreendamos tudo aquilo que já foi debatido nestas linhas [e isto nos torna privilegiados num país em que ainda existe expressivo contingente de pessoas que não tem acesso ou capacidade de compreensão para tal], cabe finalizar o presente artigo destacando que ao cidadão brasileiro [ou de qualquer nacionalidade] deve ser dado e executado o direito de acesso, compreensão e uso do conhecimento humano.
          Neste sentido precisamos de escolas que não apenas “reproduzam” e despejem conhecimento livresco sobre nossos estudantes. Promover o pensamento, a prática científica voltada para a aplicação em prol da sociedade, a capacidade de participação, o ensejo as artes e aos esportes não apenas como discurso ou como “objetivo” que consta dos planejamentos anuais é algo a se realizar. As escolas precisam ir além do acesso ao conhecimento, promovendo de forma clara e consistente também a compreensão e, em especial, a utilização destes saberes em suas vidas.

          Agora, é preciso igualmente forçar a leitura até o final da definição apresentada quanto à “educação de qualidade” para que não nos esqueçamos que o acesso, a compreensão e o uso do conhecimento devem ser sempre guiados por conceitos de fraternidade, justiça, lealdade, criticidade, ética e cidadania. Só assim teremos, de fato, atingido o almejado sucesso educacional. Apenas contando com estas bases como o apoio à aplicação dos saberes acessados e em utilização é que poderemos ter certeza que atingimos, de fato, a educação que cremos ser de qualidade...

Qualidade na educação infantil

Questões elaboradas como objetivo de  investigar se as leis criadas estão realmente beneficiando a Educação Infantil
Específicos:
·         Discutir as concepções de qualidade dos profissionais de Educação Infantil em Santa Cruz da Serra;
·         Compreender as opiniões dos profissionais sobre as contribuições da Educação Infantil
·         Identificar os pontos que os profissionais consideram mais importantes para se garantir uma educação infantil de qualidade;

Perguntas:
- Em sua opinião qual a contribuição da Educação Infantil para a criança?
- Como seria uma instituição de Educação Infantil de qualidade?
- Quais os pontos mais importantes para se garantir uma educação infantil de qualidade?
- As leis criadas estão beneficiando a Educação Infantil?
- Como essas leis estão sendo aplicadas nas instituições?






Entrevista com profissional da educação infantil


 Nome do entrevistado:
1. Qual a idade
2. Onde nasceu?
3. Onde mora? Há quanto tempo?
4. Estado civil?
5. Tem filhos? Quantos?
6. Há quanto tempo trabalha nessa escola?
7. Assume atualmente algum outro cargo na escola?
8. Qual o salário?
9. Porque ingressou na educação infantil?
10. Qual a sua formação? Quando? Onde?
11. Está estudando atualmente?     Sim:......qual curso? Onde? Em que horário?
12. Pretende fazer algum outro curso? Qual?
13. A escola estimula a formação continua
14. Atualmente desenvolve alguma outra atividade além da educação infantil? Se sim,
quais? Onde?
15. Teve outros trabalhos anteriormente a educação infantil? Qual? Onde? Durante quanto tempo?
16. Possui outras experiências com crianças dessa faixa etária? Se sim, quais? Onde?
17. Você conhece a legislação que rege a educação infantil no Brasil?
18. Como você faz para ter acesso a legislaçã
19. Já ouviu falar nos indicadores? Se sim, como você conheceu?
20. Você usa ou já usou os Indicadores? Como?
21. Que resultados obtêm ou já obteve?
22. Em sua opinião, os Indicadores conseguem medir a qualidade na educação infantil?
23. Como é possível fazer o monitoramento da qualidade?
24. A escola oferece recursos?
25. Quais as dificuldades encontradas
26. Como poderiam ser resolvidas?
27. Por que tais dificuldades acontecem?
28. Quais as suas expectativas em relação ao seu trabalho na educação infantil?
29. Como deveria ser uma educação infantil de qualidade?
30. No seu entender, quais os pontos importantes para se garantir educação infantil de qualidade?
31. Se fosse para você avaliar, como avaliaria o seu trabalho em relação à educação infantil? Por quê? Que contribuições trazem? Por quê?

32. Você gostaria de acrescentar algo?

O papel social da educação infantil

No Brasil, creche e pré-escola são diferenciadas ora pela idade das crianças - (a creche atenderia crianças de 0 a 3 anos e a pré-escola de 4 a 6); ora pelo modo de funcionamento (a creche teria atuação em horário integral e a pré-escola meio período); ora pela instância administrativa a que se vincula (a creche se subordinaria às instituições médicas ou assistenciais, a pré-escola à educação). Hoje, no Brasil, diversas instituições se referem à creche ou pré-escola usando um ou outro critério, de modo que esta é uma denominação ainda pouco uniforme para os que atuam na área e para a população em geral. A partir de meados dos anos 80, os movimentos em defesa das populações infantis com vistas à Constituinte e à nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, vêm usando a expressão "educação da criança de 0 a 6 anos" ou "educação infantil" para designar o trabalho em creches e pré-escolas(3), expressões que se consolidaram em documentos oficiais.(4) Creches e pré-escolas são modalidades de educação infantil. O trabalho realizado no seu interior tem caráter educativo e visa garantir assistência, alimentação, saúde e segurança com condições materiais e humanas que tragam benefícios sociais e culturais para as crianças. Hoje, apesar da ambigüidade dos nomes, entendemos como creche o espaço para crianças de 0 a 3 anos e pré-escola para crianças de 4 a 6 anos, de meio período ou horário integral, cuja responsabilidade é ou deveria ser assumida pela instância educacional pública. Creches e pré-escolas são instituições de educação infantil a que todas as crianças de 0 a 6 anos têm direito. importância da educação da criança de 0 a 6 anos - seu papel social A educação infantil tem papel social importante no desenvolvimento humano e social. A prioridade é a escola fundamental, com acesso e permanência das crianças e aquisição dos conhecimentos, mas a luta pela escola fundamental não contraria a importância da educação infantil – primeira etapa da educação básica – para todos. Em trabalho recente, Campos (1997) sintetizou os principais resultados de pesquisas feitas na Grã-Bretanha, Estados Unidos e América Latina, que avaliaram os efeitos da freqüência a programas de educação infantil sobre o desenvolvimento e a escolaridade posterior de crianças de diversas origens sociais, étnicas e culturais. Concluiu que a freqüência à pré-escola favorece resultados de testes realizados no início da escolaridade formal; as crianças mais pobres parecem se beneficiar mais dessa experiência, sendo a qualidade da pré-escola e da escola essencial. Embora a posição dos países sobre a educação da criança variem com a conjuntura política, para Campos a educação infantil se configura como uma das áreas educacionais que mais retribui à sociedade os recursos nela investidos, contribuindo para o desempenho posterior. Mas os argumentos mais fortes e contundentes sobre a importância da educação infantil se situam no plano dos direitos sociais da infância, de sua cidadania. A Constituinte de 1988, as Constituições Estaduais, as Leis Orgânicas dos Municípios, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional asseguram hoje o direito de todas as crianças a creches e pré-escolas. Mas em termos quantitativos esse direito legal está longe de ser realidade, embora haja consenso quanto à sua importância. De uma população de 21 milhões de crianças de 0 a 6 anos (12 milhões de 0 a 3 anos e 9.539.656 de crianças de 4 a 6 anos), apenas 25.07% freqüenta creche ou pré-escola: 47.80% das crianças de 4 a 6 anos, mas apenas 7.57% das crianças de 0 a 3. Esses 25,07% indicam que estamos longe de uma situação democrática, mas avançamos muito, pois em 1975 apenas 3,51% de crianças de 0 a 6 anos recebiam atendimento, inclusive da rede privada. Mas qualquer educação infantil contribui para o desenvolvimento humano e social? Também em termos qualitativos o trabalho realizado em creches e pré-escolas não é ainda democrático: muitas têm apenas caráter assistencial ou sanitário, que são importantes mas não substituem a dimensão educativa, social e cultural, cruciais para favorecer o desenvolvimento das crianças e seu direito de cidadania. A educação infantil como espaço de socialização e convivência, que assegure cuidado e educação da criança pequena, não é ainda realidade das creches e pré-escolas brasileiras. infância e cultura - outros espaços de educação infantil As crianças são seres sociais, têm uma história, pertencem a uma classe social, estabelecem relações segundo seu contexto de origem, têm uma linguagem, ocupam um espaço geográfico e são valorizadas de acordo com os padrões do seu contexto familiar e com a sua própria inserção nesse contexto. Elas são pessoas, enraizadas num todo social que as envolve e que nelas imprime padrões de autoridade, linguagem, costumes. Essa visão de quem são as crianças - cidadãos de pouca idade, sujeitos sociais e históricos, criadores de cultura - é condição para que se atue no sentido de favorecer seu crescimento e constituição, buscando alternativas para a educação infantil que reconhecem o saber das crianças (adquirido no seu meio sócio-cultural de origem) e oferecem atividades significativas, onde adultos e crianças têm experiências culturais diversas, em diferentes espaços de socialização. Muitos estudos criticam a dominação que ainda está presente na educação infantil; o adultocentrismo marca as produções teóricas e as instituições. Reconhecer na infância sua especificidade - sua capacidade de imaginar, fantasiar e criar - exige que muitas medidas sejam tomadas. Entender que as crianças têm um olhar crítico que vira pelo avesso a ordem das coisas, que subverte o sentido da história, requer que se conheça as crianças, o que fazem, de que brincam, como inventam, de que falam.(5) Nesta concepção de infância, história e linguagem são dimensões importantes de humanização: há uma história a ser contada porque há uma infância do homem. Se compreendermos as crianças, compreenderemos melhor nossa época, nossa cultura, a barbárie e as possibilidades de transformação. Para a educação infantil desempenhar seu papel no desenvolvimento humano e social é preciso que a criança não seja vista como filhote ou semente, mas como cidadã criadora decultura, o que tem implicações profundas para o trabalho em creches, pré-escolas e outros espaços, de caráter científico, artístico ou cultural, já que "as crianças se sentem irresistivelmente atraídas pelos destroços que surgem da construção, do trabalho no jardim ou em casa, da atividade do alfaiate ou do marceneiro. Nestes restos que sobram elas reconhecem o rosto que o mundo das coisas volta exatamente para elas, e só para elas. Nestes restos elas estão menos empenhadas em imitar as obras dos adultos do que em estabelecer entre os mais diferentes materiais, através daquilo que criam em suas brincadeiras, uma nova e incoerente relação. Com isso, as crianças formam seu próprio mundo das coisas, mundo pequeno inserido em um maior" (Benjamin, 1984, p. 77). As crianças precisam criar, construir e desconstruir, precisam de espaços com areia, água, terra, objetos variados, brinquedos, livros, jornais, revistas, discos, panos, cartazes, e também espaços cujo objetivo é a experiência com a cultura, a arte e a ciência, de que com freqüência as crianças pequenas são alijadas: mesmo nas grandes cidades, a maior parte dos locais está longe de contemplar as necessidades das crianças de 0 a 6 anos. Falta nos nossos municípios valorização de espaços de arte, história e cultura; faltam brinquedos e/em praças e parques; brinquedotecas elocais para crianças pequenas em clubes, museus, bibliotecas, hospitais, postos de saúde, bancos - instituições para onde as levam os adultos por longos períodos de tempo. Mesmo as escolas, creches e pré-escolas precisam de espaços de brincar, garantindo o direito das crianças, e prestando relevante serviço às famílias. infância e educação: desafios e possibilidades hoje Muitos são os desafios das políticas sociais para a infância. Questões relativas à situação política e econômica e à pobreza das nossas populações, questões urbanas e sociais, problemas educacionais específicos assumem proporções graves e exige respostas firmes e rápidas, nunca fáceis. Muitas são também as possibilidades de enfrentar a questão. Hoje, vivemos o paradoxo de ter um conhecimento teórico avançado sobre a infância, enquanto assistimos com horror a incapacidade da nossa geração de lidar com as populações infantis e juvenis. De que modo as pessoas percebem as crianças? Qual é o papel social da infância na sociedade moderna? Que valor é atribuído à criança por pessoas de diferentes classes e grupos sociais? O que significa ser criança em diferentes culturas? Como trabalhar com crianças pequenas, considerando seu contexto de origem, seu desenvolvimento e os conhecimentos, direito social de todos? Como assegurar que, diante da diversidade das populações infantis e das contradições da sociedade contemporânea, a educação cumpra seu papel social? Este texto não responde a essas questões, mas se sente comprometido com elas e com uma sociedade fundada no reconhecimento do outro, nas diferenças (de cultura, etnia, religião, gênero, classe, idade) e na superação da desigualdade. A população brasileira, a partir da progressiva consciência de seus direitos e da participação em movimentos sociais, teve papel central numa das maiores conquistas da educação infantil no Brasil: o reconhecimento, na Constituição de 1988, do direito à educação de todas as crianças de 0 a 6 anos e do dever do Estado de oferecer creches e pré-escolas para tornar fato este direito. Movimentos sociais e instâncias públicas (municipais e estaduais) vêm se esforçando no sentido de expandir com qualidade a educação infantil e enfrentar os desafios que se colocam. Pela primeira vez na história da educação brasileira, 1994, foi formulada uma política nacional de educação infantil, com diretrizes para a formação dos profissionais. Mas, a fim de que a educação infantil de qualidade seja de fato direito de todos coloca-se como desafio urgente, a formação profissional de todos os professores: formação como direito à educação, de todos (crianças, jovens, adultos e dentre eles os professores); formação nas áreas básicas do conhecimento (língua, matemática, ciências naturais e ciências sociais); e formação cultural, com oportunidade de se discutir valores, preconceitos, experiências e a própria história. Formação entendida como qualificação, na melhoria da qualidade do trabalho pedagógico, e de profissionalização, garantindo avanço na escolaridade, carreira e salário. Formação que implica em constituir identidades, ponto crucial frente à crescente evasão de professores. Formação que – seja continuada (com novas propostas pedagógicas), seja inicial (em escolas de formação de magistério e na universidade) - garanta espaço para a pluralidade e para que professores narrem suas experiências, reflitam sobre práticas e trajetórias vividas, compreendam a sua própria história, redimensionem o passado e o presente, ampliem seu saber e seu saber fazer. Formação permanente exercida com condições dignas de vida e de trabalho e concebida no interior de uma política cultural sólida e consistente. No entanto, hoje não há previsão orçamentária ou dotação de recursos financeiros específicos para a educação infantil. E recursos são cruciais, de modo a que não tenhamos apenas uma conquista formal. Se as crianças são cidadãs e a educação infantil é seu direito, não destinar recursos é abrir mão de concretizá-lo; é negar esse direito às populações infantis. E o custo social deste descaso será inestimável. A formação cultural das crianças e seus professores é direito de todos pois todos - crianças e adultos - são sujeitos históricos e sociais, cidadãos produzidos na cultura e criadores de cultura. Cidadãos que têm direitos sociais, entre eles o direito à educação. Sonia Kramer

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

                   Acolhimento



A escola deve perceber a educação como um processo permanente e integral, fundamentando-se no compromisso de oferecer ao educando a oportunidade de desenvolver a autonomia, a ação-reflexão-ação (práxis), a criatividade numa busca constante de uma melhor qualidade de vida.
Dentro desta proposta destaca-se a importância do aluno construir seus conhecimentos de forma coletiva, a partir de saberes intrínsecos ( subjetividade) vivenciando o respeito, a cooperação, a afetividade, a responsabilidade como valores essenciais para sí e para o grupo a qual pertence.


Pedagoga

Sonia Maria Italo Soares

O que são os Parâmetros Curriculares Nacionais, os PCNs?


Os Parâmetros Curriculares Nacionais — PCNs — são referências para os Ensinos Fundamental e Médio de todo o país. O objetivo dos PCNs é garantir a todas as crianças e jovens brasileiros, mesmo em locais com condições socioeconômicas desfavoráveis, o direito de usufruir do conjunto de conhecimentos reconhecidos como necessários para o exercício da cidadania. Não possuem caráter de obrigatoriedade e, portanto, pressupõe-se que serão adaptados às peculiaridades locais.
A própria comunidade escolar de todo o país já está ciente de que os PCNs não são uma coleção de regras que pretendem ditar o que os professores devem ou não fazer. São, isso sim, uma referência para a transformação de objetivos, conteúdos e didática do ensino.
Ensino Fundamental – 1.ª a 4.ª série
Têm como objetivo estabelecer uma referência curricular e apoiar a revisão e/ou elaboração da proposta curricular dos estados ou das escolas integrantes dos sistemas de ensino.
Os PCNs de 1.ª a 4.ª série estão divididos em 10 volumes:

Volume 1 — Introdução aos PCNs
Volume 2 — Língua Portuguesa
Volume 3 — Matemática
Volume 4 — Ciências Naturais
Volume 5.1 — História e Geografia
Volume 5.2 — História e Geografia
Volume 6 — Arte
Volume 7 — Educação Física
Volume 8.1 — Temas Transversais — Apresentação
Volume 8.2 — Temas Transversais — Ética
Volume 9.1 — Meio Ambiente
Volume 9.2 — Saúde
Volume 10.1 — Pluralidade Cultural
Volume 10.2 — Orientação Sexual

Ensino Fundamental — 5.ª a 8.ª série
Estabelecem, para os sistemas de ensino, uma base nacional comum nos currículos e servem de eixo norteador na revisão ou elaboração da proposta curricular das escolas.
Volume 1 — Introdução aos PCNs
Volume 2 — Língua Portuguesa
Volume 3 — Matemática
Volume 4 — Ciências Naturais
Volume 5 — Geografia
Volume 6 — História
Volume 7 — Arte
Volume 8 — Educação Física
Volume 9 — Língua Estrangeira
Volume 10.1 — Temas Transversais — Apresentação
Volume 10.2 — Temas Transversais — Ética
Volume 10.3 — Temas Transversais — Pluralidade Cultural
Volume 10.4 — Temas Transversais — Meio Ambiente
Volume 10.5 — Temas Transversais — Saúde
Volume 10.6 — Temas Transversais — Orientação Sexual
Volume 10.7 — Temas Transversais — Trabalho e Consumo
Volume 10.8 — Temas Transversais — Bibliografia

Ensino Médio
Os PCNs para o Ensino Médio têm por objetivo auxiliar os educadores na reflexão sobre a prática diária em sala de aula e servir de apoio ao planejamento de aulas e ao desenvolvimento do currículo da escola. Os documentos estão assim apresentados:
Bases Legais;
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Educação Física, Arte e Informática);
Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias (Biologia, Física, Química, Matemática);
Ciências Humanas e suas Tecnologias (História, Geografia, Sociologia, Antropologia, Filosofia e Política).
Fonte: Educacional.com
 É importante a pesquisa dos PCNs para elaboração de um bom planejamento. Toda via os mesmos não se tornam uma obrigatoriedade, mas é importante a decisão de usa-lo como respaldo para planejar as atividades educacionais.
Os estados e municípios têm seus próprios currículos baseados nos PCNs




1ª parte do planejamento - Deve acontecer coletivamente. Cada professor deve pensar e observar como as coisas caminharão no decorrer do ano letivo.
        No ato de planejar, o professor deve considerar o que já sabem seus alunos.
        A primeira observação para um bom planejamento, é este estar atrelado a capacidade de antecipação do que o aluno pode fazer frente a um determinado conhecimento.
       Durante o processo de planejamento o professor tenta se colocar no lugar do aluno e pensa as diferentes formas que um aluno vai ter para resolver a situação que lhe está sendo proposta. Quanto mais o professor conseguir fazer essa antecipação ele poderá controlar as variáveis e pensar, refletir, sobre as atitudes, as interferências e o material que precisará usar. 

Realização das tarefas - Nesta realização tem uma série de coisas que ocorrerão e podem confirmar as hipóteses iniciais do professor, as antecipações que ele fez e outras que não.  

      Uma terceira etapa é o processo maior desse planejamento. Que é olhar para o que ele fez e ver o que se confirmou e o que não, para que se possa replanejar essas ações. As vezes pensamos em determinado assunto e planejamos, mas vemos que as coisas não andaram exatamente como se planejou. Então é preciso ir ajustando, corrigindo, para chegar ao objetivo proposto.

                                        Dicas para o professor pensar o planejamento


        Considerar os seguintes aspectos
  • Quando será realizada aquela ação.
  • Que conhecimento os alunos colocarão em ação.
  • O que eles irão construir a partir desses conhecimentos.
  • Que conhecimentos novos irão surgir, ou o que você espera que as crianças construam a partir de então.
  • Pensar como os alunos irão se organizar
  • Se as atividades serão em grupo, em dupla, individual ou coletiva. Antecipando coisas que eles colocam em jogo, como por exemplo: Se for individual, vale quantos pontos? Se dor em dupla ou grupo a pontuação tem o mesmo valor?
  • O professor deve separar todo o material para não faltar nada durante a operacionalização das tarefas para que  o mesmo não tenha que se ausentar da sala de aula durante o processo.
  • Ver os recursos necessários, pensar o tempo de duração para não ser muito curto ou muito longo.
  • Pensar a avaliação- como avaliar os conhecimentos dos alunos, o que eles aprenderam com aquela atividade.


Coordenadora pedagógica 
Sonia Maria Italo Soares

Seguidores

Formação: Pedagogia. unigranrio